sábado, 17 de novembro de 2012

Como se tornar uma república


DIA 15 DE NOVEMBRO DE 2012
("Tudo ao mesmo tempo agora")



Há vários conceitos para a palavra "REPÚBLICA", segundo o  dicionário online. No feriado que comemora a proclamação da República no Brasil, transformei minha vida de uma ditadura do anonimato para virar uma "coisa pública": um documentário, uma exposição de fotografia e uma poesia. Pelo modo de produção e divulgação, posso dizer que foi exercida a soberania diretamente, sem delegados ou representantes: a única publicação que precisou de intermediários, a poesia em um livro coletânea, se deu através de um concurso, uma seleção aberta a todos os escritores de twitter em idioma português (ou seja, sem chefe). Tanto o documentário quanto a exposição foram elaborados sem investimentos privados ou públicos, totalmente baseados na aleatoriedade. Mesmo em uma sociedade capitalista e visando o lucro, consegui encontrar inúmeros gratuitos colaboradores, tais como estudantes residentes numa mesma casa cultural. Em meio ao capitalismo voraz, essas pessoas se revelaram como animais, vivenciando em uma comunhão de energias para divulgar a arte nas suas mais diversas manifestações. Imprevisibilidade pura, uma coisa desordenadamente organizada. Realmente, consegui proclamar uma república nas suas melhores acepções.

Não dá para passar à próxima etapa sem os devidos agradecimentos (sempre!). À poesia, impossível esquecer do professor Rodolfo Pamplona Filho, ao publicar o poema  HABEAS CORPUS em seu blog, no dia de meu aniversário de 30 anos. Sem esse impulso inicial, minha coragem de "sair do armário" continuaria escondida a sete chaves. Viviani, do Centro Cultural Sesi em Maceió, convidou-me e abriu animadamente o banheiro do local para receber a exposição fotográfica, remetendo a ideia da exposição à clássica fotografia contemporânea de um sanitário, momento em que descobri o quanto sou ignorante quando o assunto é história da arte. A vibração desse ser animado foi fundamental para o primeiro passo na fotografia. Por fim, agradeço aos elogios exagerados de Mauricio e ao apoio de Isabela, ajudando-me a concretizar o sonho de produzir um documentário, um desejo tão guardado que às vezes eu nem lembrava existir.

O vídeo vai estar na net em alguns dias, é só colocar no youtube o título que você acha. A exposição fica até dezembro em Maceió. O livro está nas livrarias. Tornei-me uma res publica  itinerante, quem quiser pode me acessar, aliás, nesses casos, pode me usar.

SER-TÃO INOCENTE - As crianças de Monte Santo
Documentário
Estreia no Centro Cultural Sesi, Maceió-AL





FOTOGRAFIAS LEGENDADAS OU LEGENDAS ILUSTRADAS
Exposição fotográfica
De 15 nov a 16 dez no Centro Cultural Sesi, Maceió-AL



TOC 140 - OS CEM MELHORES POEMAS DE TWITER III
Coletânea de poemas de até 140 caracteres
Lançamento do livro - Feira Internacional do Livro - Fliporto, Olinda-PE, 15 de nov.
À venda na Livraria Cultura.








Tudo ao mesmo tempo agora.



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Como fazer um documentário independente







SER-TÃO INOCENTE - As crianças de Monte Santo

Muita, muita emoção. Em três semanas, todo o processo de elaboração do documentário "SER-TÃO INOCENTE - As crianças de Monte Santo" chegou a sua conclusão. Nesse curto tempo, aconteceu tanta coisa, e de uma maneira tão tranquila e serena, que nem parece ser tudo verdade! Daqui a dois dias, será a estreia e exibição no cinema em minha terra natal, Maceió. Antes de ir para a segunda etapa, vamos aos devidos esclarecimentos e agradecimentos.

O INÍCIO

Em janeiro desse ano, graças ao surgimento em Salvador de uma mobilização social para reivindicar a retomada de espaços públicos ocupados indevidamente pelo setor privado (Movimento Desocupa), encontrei Isabela e Fernanda, unindo-nos a outros no GT jurídico (ambas eu já havia conhecido no movimento estudantil de Direito, muitos anos atrás). A partir de então, compartilhávamos as angústias com as injustiças de nosso ofício, como a má prestação do serviço de saúde privado e público, os processos judiciais absurdos que envolviam esquema de compra de medicamentos pelo governo com custo astronômico ao Estado, e, finalmente, o caso das crianças de Monte Santo. 

No dia 22 de outubro, eu, Fernanda, Isabela e Mauricio nos reunimos e decidimos ir adiante na ideia inicial de Fernanda de produzir um documentário. Isabela e Mauricio iriam para uma audiência naquela sexta-feira, e estariam disponíveis para nos orientar quanto aos endereços dos familiares das partes envolvidas no caso. Eu fiquei responsável por contratar a equipe técnica para a filmagem. Fernanda iria providenciar alguém para edição. Nós duas iríamos na sexta-feira, voltaríamos no sábado logo cedo. Toda a verba por um acaso recebida no futuro seria voltada à doação, na integralidade.
Esse primeiro projeto, no entanto, foi totalmente transformado: Fernanda já no dia seguinte sinalizou que não iria mais para Monte Santo, eu não consegui nenhuma equipe (e nem alugar equipamento) para filmar, Isabela e Mauricio deveriam ficar presos na audiência no Fórum todo o dia. Na quinta-feira, 25 de outubro, às 21:30 h, Fernanda confirmou o que vinha repetindo ao longo da semana: Monte Santo era distante, a estrada perigosa, a família achava tudo uma loucura, o trabalho a chamava, enfim, ela não iria mais. Eu não tinha equipamento profissional, muito menos equipe, muito menos companhia. Sem conexão na internet, não consegui nem pegar o mapa de Monte Santo, somente pelo celular abri uma página com o nome das cidades de uma das estradas. Fábner Santos caiu do céu, a única ajuda até então recebida: como profissional audiovisual, regulou as duas câmeras que eu dispunha na minha aventura de fotógrafa amadora (uma Nikon D90 quebrada e uma compacta, DMC-LX5 Panasonic Lumix). Deu-me várias orientações: "atenção ao enquadramento"; "grave em lugar fechado por causa da precariedade da captação do audio das câmeras"; "capte imagens da cidade"; "atenção para a luz"; "como você não tem tripé, coloque a câmera onde conseguir apoio (panelas, muretas, sofá etc)". Eu nunca tinha nem lido o manual das câmeras, que dirá feito alguma filmagem decente. À meia noite, quando imaginei encarar a aventura, fui colocar as baterias para recarregar, e eis que um apagão no nordeste acaba com a energia.

Enfim, estaria disposta a viajar sozinha para o sertão baiano, sem mapa, com um equipamento totalmente amador e sem baterias, com o computador descarregado, e sem ter nem ideia do que iria encontrar?

Como a resposta foi positiva, às quatro horas da manhã iniciei a produção do SER-TÃO INOCENTE. As imagens captadas, e o que eu vivenciei lá, está quase tudo documentário. A ideia de denunciar os absurdos jurídicos foi totalmente modificada ao conhecer a história contada pelos próprios personagens (até hoje não vi a reportagem do Fantástico ou li matéria sobre o assunto). É uma história de extrema tristeza, num lugar em que é natural extrair momentos de alegria mesmo em meio à seca. Não consigo transcrever em palavras a profundidade da minha experiência, em três dias de intenso trabalho e conversas memoráveis. Isabela e Mauricio, pessoas que não eram de meu círculo de amizades até então, mostraram-me que "amigo não se faz, se reconhece". Aos dois, companhias agradabilíssimas, meu muito obrigada por "tudo" (utilizando as palavras de Luana, quando resume todas as coisas boas que existem em sua vida). Aos demais personagens, meu agradecimento pela empatia e liberdade de falar a alguém que nem conheciam.

 Retornando, na segunda-feira seguinte, começou a terceira etapa: a edição.

O MEIO

Dão foi o primeiro a dizer sim, mesmo sem ter visto nenhuma imagem produzida. Com aquela voz encantadora, respondeu: "lógico, Martinha, pode escolher a música que você quiser". Como imaginei incluir um poema, já estendi o convite para pedir-lhe que emprestasse sua narrativa envolvente, e mais uma resposta positiva. "Claro! Pode contar comigo!". Lindo, lindo, lindo!
Robério César Camilo, meu poeta favorito, foi o segundo: "Robério, lembra aquele poema sobre sua infância que você me mostrou no primeiro ano da faculdade (há 12 anos)? É que tô fazendo um documentário... me manda!". Minutos depois Dão já estava com ele em mãos, envolvendo-se com a história.
Osmar Simões, um dos maiores cordelistas da Bahia, ouviu a história e respondeu: "você precisa do poema para quando? quarta? tudo bem, quarta-feira estará pronto!".
Anderson Cunha, sem nem me conhecer, ao ouvir a história por telefone já ofereceu a produtora para gravar o áudio e fazer o tratamento. Lá chegando, deu-me um CD de sua banda, Sertanília, que me acompanha desde aquele instante até agora (a cantora vai ficar rouca de tanto cantar no meu carro, trabalho, casa...). As músicas são todas maravilhosas, o mundo se tornará melhor quando conhecê-las.
Bruno, também até então desconhecido, gravou o áudio com um sorriso de orelha a orelha, parecia que estava ganhando uma fortuna naquilo. Como todos, entretanto, fez seu trabalho gratuitamente. Nunca vi tanta gente boa e talentosa aparecer de uma vez só!
Aí liguei para Daniel Araújo Macedo, amigo da época da capoeira, que eu nem sabia ser conhecido no meio publicitário como BPK (bom pra karalho). Além do design (marca), disponibilizou a OVNI AUDIO VIDEO para o início da edição, e apresentou-me a Beto Braga, o primeiro editor. Por um final de semana inteiro, essa figura ilustre (pai de duas crianças super espertas, e com uma história de amor linda com sua esposa) debruçou-se nas imagens e fez o esqueleto do projeto.
No show de Wado, a inspiração para o roteiro. Foi quando descobri a música que fecha a trilha sonora, cedida por ele de forma imediata, mesmo sem nem me conhecer. O novo CD dele, que pode ser baixado em sua página, foi a trilha sonora de minhas manhãs até então. Espetacular. "Se você for, por favor, não vá!"
Semana passada surgiu Bob, que mora no meio de uma floresta, quase como um ser de outro mundo. Concluiu a edição sem reclamar nenhuma vez das minhas ligações de "estica e puxa" de cenas, corta aqui, muda ali. 
Ainda teve Viviani, curadora do Centro Cultural Sesi. Foi ela quem me incentivou a fazer a exposição de fotografia, inicialmente prevista para janeiro de 2013, coincidentemente antecipada para iniciar dia 15 de novembro. Daí para conseguir um espaço para o lançamento do documentário naquele cinema em Maceió foi um pulo. Tudo muito incrível.
Após a matéria do último domingo no jornal A Tarde, poeticamente escrita pelo jornalista Samuel, veio a inclusão última música, Construção de Amor, da banda Vibrações Rasta, que traduz o convite dessa iniciativa: "VAMOS FORMAR UM MUTIRÃO E COMEÇAR A NOSSA CONSTRUÇÃO DE AMOR".
E todas essas pessoas me ajudaram de graça e sem nem ver as imagens. Que responsa!

Essa é uma breve história de como eu fui instrumento de produção desse documentário. Não vejo a hora pra que você, que está lendo, conheça o SER-TÃO INOCENTE.  Você já viu? Então me conte o que você achou, adorarei conhecer sua história. Espero que se sinta tocado(a).

E que o universo conspire a favor dos ventos bons!

O FIM

"Nessa estrada não se sabe onde vai dar..."

Programação: quinta-feira, 15 nov, estreia em Maceió.
Semana seguinte: estreia em Salvador (a confirmar o local).
Dia seguinte à semana seguinte: documentário disponível no youtube para todos.

domingo, 21 de outubro de 2012

Como resumir algumas crenças




ACREDITO

Cada um busca a felicidade ao seu modo
[algumas decisões esquisitas, caminhos tortuosos, é verdade]
É que nem sempre a decisão está na razão revelada
e o destino é fruto de alegrias e tristezas guardadas.

Cada dia é uma nova oportunidade de ser feliz
[por que não?]
as situações mudam com uma velocidade matrixiana
que devemos aproveitar enquanto a floresta está viva
pois um incêndio pode destruí-la em minutos.

Sim, por mais insignificante que possa parecer
aquele bater de borboleta irá de fato ser determinante nos Katrinnas
Teoria do caos? Pode ser.
Explicações macros para realidades diárias.

Mas não sairemos impunes.
Mentira e egoísmo geram frutos da árvore envenenada
e o benefício desonesto pode não ter nem pizza de CPI
mas terá a angústia do eterno medo da descoberta.

Alguns sonhos são revelações de desejos
[se realizados seriam/foram deliciantes]
Outros de medos [angustiantes]
Aqueles lembram fatos ocorridos
...e o que dizer daqueles ainda vistos depois?
[pressentimentos? adivinhações?]

Não deveríamos nos prender tanto à palavra mal-dita
[velha mania de frustrar-se pelo ‘ideal’ estraçalhado
esquecendo o ‘real’ aproveitado]
pois se foi é porque era pra ‘ter sido’ e não para ‘ser’
foi e foi bom
é ou vai ser melhor
[mas vai ser].

As metas são necessárias para serem alcançadas
[não obcecadas]
pois apesar de não controlarmos o el niño
podemos traçar outro caminho de volta pra casa
mesmo que chegue mais tarde.

Aquele momento pode ser realmente eterno
e a sensação revivida com a simples lembrança
É só afastar a tristeza que vem logo depois
e a foto ‘tirada’ vai continuar no álbum de alegrias.

Por acreditar em tudo isso
tenho esperança de entender o que nós fizemos
e um dia conseguir acreditar que foi real, mas já foi.

(ago/2005)

(No vídeo, a cantora Alika: Levantate y pelea. Letra: http://letras.mus.br/alika/1229762/traducao.html)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Como entender os bytes





ESPAÇO

Silêncio
Compartilhar-se fisicaquanticamente
Energeticamente, descompensadamente

Que horas são?
Depende. Aqui ou lá?

Se a lembrança passada do passado
ocupa o mesmo espaço que um sonho
nossas histórias viraram bytes
um arquivo, um dado
um pendrive de um giga
Aliás, dois gigas seguidos
inesquecíveis.


(Trecho desse poema está no livro "Cem melhores poemas do TOC140 Poesia no Twitter", concurso promovido pela FLIPORTO (Feira Literária Internacional de Pernambuco), selecionado dentre os mais de 5000 inscritos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Como achar o seu amor

I'VE FOUND MY LOVE





In a place
Across a long distance
Besides frontiers of the world
Between poems and verses
Inside my heart
I've found love


(1 de abril de 1998)

sábado, 29 de setembro de 2012

Como fazer uma homenagem à Lua


ADORNO NOTURNO





Mais uma noite de lua
Não igual às outras, nunca
Até porque hoje estava especial
Apresentava um quê de nostalgia
Há tempos não vibrava tão forte

A lua fica mais bela quando estamos sós
Nos faz companhia
Nos inspira quando não há a quem poetizar
Não nos trai, permanece só
Nem chega atrasada, é disciplinada
Caiu a tarde e ela está ali
Pronta para o que der e vier

É a melhor ouvinte que existe
Parece adivinhar ser na noite
que precisamos mais dela a nos confortar

Apesar de estar sempre presente
ela não é entediante
Está sempre mudando
Um dia aparece mais, outros menos
Tem dias que não deve acordar no melhor humor
pois nem dá as caras
O bom é que, com o tempo,
A gente passa a entendê-la
Compreende que suas mudanças fazem parte de sua personalidade
A sua inconstância marca o seu mistério
sua característica mais sedutora

Sem falar de sua tranquilidade!
Fica alheia às trovoadas da vida...
Se a deixarem aparecer, ótimo
Se não, cumpre seu papel
Escondida, calada,
Esperando a hora certa
Sabe que tudo passa
E quando a deixarem de novo entrar em cena
Encontrará seus amados clamantes de saudade

Serve de musa a tantos
Atende a todos, não tem discriminação
Do pobre ao rico, do novo ao velho
Inclusive todo o povo, toda a cor
Um exemplo de que se deve amar pelo que é
Não pelo que aparenta ser

Quando vai chegando, tem movimentos singelos
Quase como um espreguiçar
Não fosse pela rapidez de formas e cores
Seria como um recém-nascido
Que ainda não sabe como esticar as mãos
E vem assim
Sutil
Saindo do mar com seus cabelos molhados
Com o olhar fixo
Cujo brilho se estende pelo oceano
Quase como cena de cinema.

É amiga
Escuta as súplicas, exalando compreensão
Conforta com a promessa de que os pedidos serão acolhidos
E quem sabe, quando nos encontrarmos de novo
Enfim terei alguém ao meu lado
Não mais conversarei com ela
Não mais precisarei de sua escolta
Será ela uma luminária do quarto escuro
Acessório da noite
A observar seu reflexo nos olhos fechados
Concentrados no beijo, no calor
Lua será apenas a lua
Não mais uma lua cheia de solidão.

(jan/2006)


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Como fazer um testamento vital


O Conselho Federal de Medicina passou a conferir legitimidade ao "testamento vital". Como o futuro é incerto, já me antecipei e fiz logo o meu:




TESTAMENTO VITAL

Se eu não morrer de amor
Desliguem os aparelhos
Levem-me do hospital
Não se importem com o respirar
Enterrem-me naquele momento
E cubram meu caixão de pedras
Para eu nunca mais regressar

Se eu não morrer de amor
Apaguem a luz do meu sol
Retirem a lua do céu
Será sombra o brilho do olhar
A chuva não mais molhará
A flor perderá seu perfume
E o som só silenciará

Se eu não morrer de amor
O sentido não terá dois sentidos
O tocar do órgão calará a música
O alvo e a bala não farão mais um par
Nem a cria se acreditará
O rio não será mais de graça
E a classe se embrutecerá

Se eu não morrer de amor
Que razão terá meu viver
Retirem-me desse mundo
Não se importem se eu puder caminhar
se meus passos não terão mais destino
se minha razão não será emoção
É fato: não mais sei viver sem amar...

Se eu não morrer de amor
Já estarei morta


(11/9/12)





terça-feira, 14 de agosto de 2012

Como e por que não só quero seus beijos...

Marcelo Jeneci é para mim um dos cantores mais sensíveis dessa nova geração (ele se enquadra no que chamo de "pessoa fofa", aquele ser positivo, agradável como o abraçar de um travesseiro). Em seu show no festival de inverno de Garanhuns, enquanto dançava "na chuva quando a chuva vem", ouvi uma de suas músicas e fiquei profundamente reflexiva...



Ao dizer o que ele "não iria dar", fiquei pensando se era aquilo mesmo que as mulheres esperam dos homens e de uma relação... De fato, há muitas mulheres que resumem um relacionamento ao que ele se explica por não ofertar. Ele tem razão, a vida tem muito mais a oferecer! E os beijos, ah, essa sinergia de corpos é muito melhor mesmo...

Marcelo, não precisa mais se justificar! ...mas não são só seus beijos que ela quer...


RESPOSTA A MARCELO JENECI (NÃO ME DÊ SÓ SEUS BEIJOS)

Não quero buquê de flor
cenas, declaração de amor
serenatas ao luar
Não quero vestido
nem só nome de marido
no altar a se casar

A verdade do romance
é da canção, não só melodia
nem é uma fotografia
nem um anel de brilhante
Nem é um beijo do instante
sendo toda uma novela
e ao passar de mulher bela
da minha boca ele se canse

Romance não é poesia
é mais que o revelar do segundo
É 'tá unido e solto no mundo
Achar beleza em toda idade
É 'tá bem no campo, na cidade
No rio, no morro, no mar
Ser calor no sol, no luar
É ser amor de noite e de dia

Pois viver em harmonia
É ser livre e ter respeito
Transparente e ter direito
de abrir toda alma nua
Estar ao lado não é ser sua
nem você passa a ser meu
Somos dois, você e eu
numa mesma sintonia

Entender que a maldade
alheia, mas que existe
não pode deixar triste
pois nem tudo é só encanto
Aprender a estar no canto
Entender o seu momento
Fazer crescer o sentimento
mesmo na adversidade


Amar e ser amado
No corpo, olhar, pensamento
No sopro, cantar no vento
Do horizonte, a imensidão
É viver em comunhão
Compartilhar mútuos segredos
Confiar, viver sem medos
Num constante aprendizado

Rimar coração com pulmão
Felicidade e eternidade
Seu ser e meu viver
Passar o tempo rimando...


(jul-nov/12)