quinta-feira, 11 de abril de 2013

Como entender o encontro de hoje entre Mithra e Yemanjá.


DOCE COMO O ENCONTRO ENTRE O SOL E O MAR

Hoje Mithra a trouxe tufos de algodão doce sabor morango e espalhou pelo céu. Yemanjá transformou suas águas em chocolates meio amargo derretidos. Queriam silêncio. A Deusa do Mar já estava cheia, cheia daquelas pessoas a jogar frescobol, futebol, conversar, beijar, beber cerveja, comer queijinho, flertar. Tentou espremê-los em um curto trecho de areia seca. Quando viu ser impossível removê-los, desistiu: precisava concentrar-se em Mithra. Uma Nuvem carregada e pesada obscureceu o Deus Sol por um tempo, mas Mithra conseguiu se desgarrar heroicamente. Os gritos dos que viram aquele encontro entre o Deus Sol e a Deusa do Mar a deixaram atribulada, preferia paz... enfim reconheceu ser impossível conter os risos e interjeições de delicioso espanto ao verem Mithra dividir-se em três partes, sendo cortado por outra ousada Nuvem. Mas a Deusa sabia que, inteiro, ele estava a penetrá-la novamente. Ficou feliz porque, mesmo sendo outono, hoje não choveu.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Como entender o mar no outono



TRAVESSIA

Mithra se foi. Deixou o céu cortado por nuvens de sangue refletidas nas águas tranquilas de Yemanjá. O corpo desta permanece quente, mantendo em suas entranhas o calor do toque do amado, que passara o dia a iluminar com maestria suas profundezas. O Vento e a Lua friamente a consolam: "ele voltará amanhã", repetem ao ver a maré tomando as encostas com as águas salobras dos olhos da deusa. Só de imaginar que uma tempestade pode impedir o encontro no dia seguinte, já se torna agitada. Ondas passam a bater fortemente nas pedras, inocentes nadadores em busca de seus amores lutam incompreensivelmente contra a súbita correnteza. "É outono, amanhã pode chover", lamenta. Diante da possibilidade de não mais tê-lo, as águas se revoltam até cansar. Até maré morta.