terça-feira, 14 de maio de 2013

Como entender o sumiço da Torres


EXTRA: MARTA TORRES SE JOGOU NO MEIO DA BAHIA

Marta Torres se jogou na Cachoeira da Fumaça em 28 de abril de 2013, dias após concluir uma pesquisa sobre o uso dos demais seres vivos na religião, alimentação e lei. Com as instituições pouco a pouco ruindo em sua mente, não conseguia mais sustentar o concreto, o método, o planejamento, a engenharia humana, as torres. Amigos e familiares tentaram convencê-la da possibilidade de fazer justiça com o Direito posto, além de estranhar a veemência como uma mulher defendia a liberdade, palavra indefinida e reconhecida por todos, segundo Cecília Meireles. Em vão. Desesperançosa, Torres desabou ao ver o fundo da Cachoeira da Fumaça, no Vale do Capão, Chapada Diamantina, Brasil. Avisou-me ter desenvolvido uma nova técnica para flutuar, ao observar pela sua janela os pássaros de barriga amarela fazendo piruetas na chuva. Utilizou um material sinteticamente sincero, amarrou em seus braços e partiu. Disse-me buscar se esconder junto às plantas do Vale que, por entre as fendas daquele reino mágico, fugiram para nunca serem tocadas pela mão humana, como lhe dissera momentos antes Seu Alquimista. Repetiu-me “não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo”, retomando novamente um verso de sua poetisa inspiradora. Logo em seguida, abriu um sorriso e saltou por trás do arco-íris. Se Torres sobreviveu? só o tempo irá dizer. Deixou a Oliveira para contar a história.




(foto tirada após o ocorrido, quando as testemunhas do que agora conto buscavam Torres no infinito cenário)

Por Marta de Oliveira



Nenhum comentário:

Postar um comentário